Associação Portuguesa para o Estudo da Anemia promove informação sobre anemia em doentes com insuficiência cardíaca
A Associação Portuguesa para o Estudo da Anemia – Anemia Working Group Portugal é um grupo multidisciplinar, sem fins lucrativos e com independência científica, constituído por médicos de várias especialidades, para os quais, a anemia representa um interesse comum e convergente no âmbito das suas atividades.
O objetivo do Anemia Working Group Portugal é a promoção do estudo da Anemia nas suas diversas vertentes, promovendo a investigação e a sua divulgação, por forma a constituir uma plataforma de conhecimento, dirigida a todos os profissionais de saúde e à população em geral.
Nesse âmbito, a Prof.ª Cândida Fonseca, Vice-Presidente do Anemia Working Group e coordenadora do Grupo de Estudo de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Cardiologia partilhou recentemente dados do estudo EMPIRE onde se conclui que em doentes com insuficiência cardíaca grave a prevalência de anemia atinge os 50%.
O estudo EMPIRE, publicado em 2014, alerta para a real dimensão da anemia em Portugal, e supera todas as estimativas da OMS. No grupo de doentes com insuficiência cardíaca, a prevalência é ainda mais elevada, podendo atingir os 50%. Daí a importância de sensibilizar a população, mas, sobretudo, os profissionais de saúde e os decisores políticos.
Estas foram as principais conclusões deste estudo:
- A prevalência de anemia é muito maior do que a OMS previa. Previa-se que fosse 15% afinal são 20,4% – portanto é um problema de saúde pública;
- Quanto à prevalência de anemia e ferropenia em doentes com insuficiência cardíaca (IC) conclui-se que, apesar da anemia ser um fator de risco na IC, a ferropenia é um fator de risco ainda maior do que a própria anemia – quer haja anemia, quer não haja;
- Quanto aos casos de anemia variam consoante os critérios de diagnóstico de cada estudo e consoante a gravidade da IC – em doente muito graves a prevalência atinge os 50%, em situações menos graves rondará os 30/40%. São valores bastante altos;
- O estudo comprovou ainda que as pessoas desconhecem o diagnóstico, não fazem medicação porque muitas vezes não lhes é feito este diagnóstico, não sabem quais são as implicações, quais são os sintomas.
- Os estudos demonstraram que estes doentes morrem mais, têm mais insuficiência renal (IR) que, por sua vez, proporciona mais ferropenia e mais anemia, e tudo isto agrava o prognostico dos doentes com IC;
- A investigação demonstrou que, quando se corrige a anemia em doentes com IC, o prognóstico é melhor, a qualidade de vida é francamente melhor e a taxa de internamentos é menor. Portanto, o diagnóstico atempado e a correção da anemia e ferropenia representam uma mais-valia.
Perante estes resultados e quanto à comunidade médica, a Prof.ª Cândida Fonseca é da opinião de que «é preciso sensibilizar os médicos para um rastreio sistemático da anemia, no doente com IC com fração de ejeção deprimida, para a necessidade de tratar com ferro intravenoso, o que demonstrou melhoria da qualidade de vida e redução dos internamentos.»
E quanto à questão da terapêutica, segundo a cardiologia, esta «constitui uma mudança de paradigma.» Aliás, acrescenta «a Cardiologia é pioneira nesta área, foi provavelmente a especialidade que mais cedo testou terapêuticas para a ferropenia e integrou nas suas recomendações internacionais a necessidade quer de rastrear, quer de tratar a ferropenia» No entanto, conclui «este assunto não está encerrado, continuamos a estudar as situações concretas dentro da IC.»
Quanto ao trabalho que é realizado pelo Anemia Working Group (AWG) e de acordo com os resultados que evidenciou o estudo EMPIRE a especialista e vice-presidente desta associação confessa que «se tem vindo a desenvolver campanhas no sentido de sensibilizar a população e os profissionais de saúde para o problema da anemia e da ferropenia.» Porém, comenta «deve haver uma maior perceção face aos sintomas para que os doentes procurem um médico, quer para o diagnóstico, quer para o tratamento. Sensibilizar não só doentes e público em geral, mas também profissionais de saúde. Isto é uma síndrome que é transversal a várias especialidades e por isso, todos os profissionais de saúde devem ser sensibilizados. Os resultados do estudo pretendem atingir não só os implicados, mas também quem distribui recursos e quem “programa” a saúde em Portugal, para que haja a noção da gravidade deste problema de saúde pública.»
Para a Prof.ª Cândida Fonseca, «vale a pena fazer promover estas iniciativas» e, nesse sentido foi feita uma proposta para a oficialização do Dia Nacional da Anemia, têm sido feitos cursos de anemia para os médicos e tem-se cumprido um largo programa de sensibilização aos vários níveis. «Creio que isso vai mudando a opinião das pessoas, vai fazendo com que as pessoas recorram mais precocemente aos médicos e por isso sejam diagnosticadas mais cedo», conclui.
Saiba mais em: www.awgp.pt
[/cmsmasters_text][/cmsmasters_column][/cmsmasters_row]