Anemia permanece sub-diagnosticada, apesar de ser um “fator de agravamento da saúde”, alerta médico
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a existência de uma redução de 30% no rendimento do trabalho e do desempenho físico em homens e mulheres com deficiência de ferro. A anemia afeta 25% da população mundial. Falámos com o médico António Robalo Nunes,especialista em Imunohemoterapia e presidente do Anemia Working Group Portugal – Associação Portuguesa para o Estudo da Anemia (AWGP).
Quais são os principais sintomas da anemia?
A anemia corresponde à diminuição do nível de hemoglobina e de eritrócitos no sangue o que condiciona uma diminuição da capacidade de transporte de oxigénio a todos os orgãos. Por esta razão é susceptível de afetar todos os aparelhos e sistemas do organismo e, dessa forma traduzir-se num vasto conjunto de sinais e sintomas.
No início pode passar despercebida ou ser confundida apenas com cansaço e muitas pessoas padecem de anemia sem saber; numa fase mais avançada pode traduzir-se por exemplo como: fadiga e falta de força acentuada, palidez, dor de cabeça, irritabilidade, alterações do sono, tonturas, dificuldade de concentração, depressão tensão arterial baixa, desmaio, síncope, unhas quebradiças, falta de apetite ritmo cardíaco acelerado (taquicardia), sensação de falta de ar (dispneia), entre outros.
A anemia pode provocar outras doenças?
A anemia não tratada pode ser um fator de agravamento de outros problemas de saúde existentes. Sabe-se hoje que a anemia tem um efeito negativo na evolução de muitas outras doenças, condicionando o seu prognóstico e até a resposta ao tratamento. São disso exemplo a anemia na insuficiência renal, na insuficiência cardíaca, no cancro em geral, nas doenças inflamatórias do intestino. E também existem recomendações no sentido de se tratar previamente a anemia nos doentes que vão ser submetidos a alguma forma de cirurgia, por forma a melhorar a sua condição pré-operatória.
QUASE DOIS BILIÕES DE PESSOAS A NÍVEL PLANETÁRIO APRESENTAM ALGUMA FORMA DE ANEMIA, O QUE REPRESENTA CERCA DE 25% DA POPULAÇÃO MUNDIAL
Esta situação associa-se a aumento do risco de mortalidade pós-operatória, complicações infecciosas e hospitalizações mais prolongadas. Sabe-se que tratando previamente a anemia, o prognóstico cirúrgico melhora de forma considerável e permite reduzir, ou até mesmo evitar o recurso a transfusões sanguíneas, com diminuição dos riscos inerentes a este tipo de tratamento. Para além disso há compromisso da qualidade de vida, disponibilidade física e mental, o que pode ter implicações negativas no rendimento laboral e na vida familiar.
Quais são os grupos de risco?
A anemia constitui uma importante questão de saúde pública. Desde há vários anos que a Organização Mundial de Saúde desenvolve uma linha específica de trabalho dedicada ao problema da anemia, e transmite-nos uma dimensão assustadora do problema. Quase dois biliões de pessoas a nível planetário apresentam alguma forma de anemia, o que representa cerca de 25% da população mundial. Há grupos particularmente vulneráveis, como os jovens em idade decrescimento, as mulheres em idade fértil, em particular durante a gravidez e a população idosa, com mais de 65 anos, cada vez mais relevante na evolução recente da demografia mundial. E sabe-se que constitui um importante fator de mortalidade, sobretudo em faixas etárias mais vulneráveis.
Como pode ser evitada?
É possível diminuir a probabilidade de ocorrência de anemia assegurando a adopção de hábitos de vida saudável, nomeadamente uma alimentação diversificada que inclua carne, peixe, frutos e vegetais de folhagem verde.
A vitamina C presente nos citrinos, kiwis e brócolos tem um papel importante na absorção do Ferro. Em momentos da vida em que se verifica maior necessidade de ferro (gravidez, aleitamento, infância, adolescência), o aporte alimentar pode não ser suficiente e haver necessidade de tomar suplementos de ferro.
Adicionalmente revela-se como importante a valorização de sintomas sugestivos de anemia e a valorização de sinais ( perdas de sangue, por exemplo) recorrendo em tempo útil aos cuidados do médico assistente, por forma a poder confirmar-se a sua existência e diagnosticar a causa da anemia. Deve ser tido em conta que o tratamento da anemia deve sempre ser dirigido à sua causa específica.
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