Anemia afecta vida sexual dos doentes
Cansaço, alterações de humor, insónias, falta de concentração, queda de cabelo, unhas frágeis e fraca apetência sexual são alguns dos sintomas da anemia, doença que resulta do reduzido número de glóbulos vermelhos, cuja função principal é transportar oxigénio para os tecidos do corpo. Pode ser temporária ou permanente e variar entre o leve e o severo. Muitas vezes é confundida com um mero cansaço.
Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que uma em cada quatro pessoas tem anemia, patologia considerada como um grave problema de saúde pública. Segundo o presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Anemia, o imuno-hemoterapeuta António Robalo Nunes, a “doença, que afecta crianças e idosos, é ainda muito subvalorizada” tanto pelas pessoas como pelos médicos.
“Quando há uma patologia associada opta-se por tratar a primeira doença e deixa-se para segundo plano a anemia”, explica o especialista, sublinhando que tratar a anemia deve ser também prioritário porque melhora a capacidade do organismo em reagir à outra doença. Além disso, uma simples análise de rotina pode ajudar a detectar a doença.
Ao CM, o especialista explicou que existem normalmente duas grandes causas da anemia: “Pode ter origem carencial, por deficiência de algum tipo de nutriente, como o ferro, ou em doenças crónicas, como as oncológicas e as cardíacas”.
O MEU CASO: VERA BRÁS
“ACHAVA QUE ERA SÓ CANSAÇO”
Vera sentia um cansaço extremo que a impedia de fazer muitas coisas e afectava até o seu ritmo de trabalho e boa disposição. “Estava cada vez mais pálida, mas achava que era só cansaço” do dia-a-dia e por isso não foi logo ao médico. Os episódios de perdas de sangue extremas associadas à menstruação levaram-na a fazer análises de rotina. Quando o médico as viu, os valores confirmaram uma anemia grave. Tinha 31 anos.
O tratamento implicou receber ferro por via intravenosa – fez quatro sessões – e uma alimentação mais completa com alimentos que lhe fornecem esse nutriente. “Como beterraba e espinafres, por exemplo”, conta Vera Brás, acrescentando que voltou a fazer uma vida normal. Sempre que anda mais fraca vai ao médico e recebe o tratamento de ferro. Cada sessão dura 40 minutos. “Mas sinto logo diferença. O corpo ganha força”, afirmou, sublinhando que por ter um caso semelhante na família devia ter ido ao médico mais cedo.
PERFIL
Vera Brás tem 34 anos, é administrativa e vive em Alverca. A doença foi-lhe diagnosticada há três anos.
DISCURSO DIRECTO
“MÉDICOS ATENTOS”, António Robalo Nunes, Imuno-hemoterapeuta
Correio da Manhã – A maioria das anemias tem tratamento?
António Robalo Nunes – Sim, desde que tenham um diagnóstico correto. Os médicos devem estar atentos.
– Há vários tipos de anemia?
– Sim. As de causa carencial, nomeadamente de ferro, que é a campeã absoluta. Há a megaloblástica ou perniciosa, que tem a ver com uma deficiência de ácido fólico e vitamina B12. A falciforme é genética e causa a destruição dos glóbulos vermelhos e a aplástica quando a medula óssea diminui a produção de células.
– Qual a mais perigosa?
– Esta última, porque o tratamento é complicado. É feito com transplante de medula óssea e transfusão de sangue.
[/cmsmasters_text][/cmsmasters_column][/cmsmasters_row]
Deixe uma resposta